A maior das vantagens de ter deixado o jornalismo – embora este me faça falta – é a possibilidade de escrever sobre a paixão rubro-negra sem nenhuma isenção. A ponto de me recolher em alguns momentos quando achar necessário.
Digo isto porque, desde domingo, após o insosso empate com o Madureira, não senti nenhuma vontade de escrever. Foi um jogo chato, o time esteve perdido e desorganizado, mas buscou um resultado que, em qualquer outra circunstância, teria o efeito mais produtivo do que desastroso.
Mas não.
Os pedidos por “ah, é Adriano!” me fizeram sentir vergonha de ser rubro-negro. Este é, sim, o motivo do meu desânimo. Sempre nos diferenciamos nas arquibancadas pelo que temos de melhor: empurramos os caras, fazemo-os dar sangue. Não jogamos juntos; jogamos por eles, quem quer que sejam. Com esses gritos, nossa torcida não só não fica diferente das outras pelo que tem de melhor, mas passa a ficar a igual a elas pelo que elas têm de pior.
Gritar o nome de um jogador que nem faz parte do grupo para atingir quem está erguendo o Manto foge completamente do que considero ser parte integrante do rubro-negrismo.
Nem estou aqui tomando juízo de valor em relação à decisão da diretoria de rejeitar o Imperador. Nem à postura de Luxa. Tenho opiniões, já expostas aqui e em blogs. Não vêm ao caso. Fato é que não sou flamenguista pelos outros, mas somos uma coletividade, uma nação da que faço parte, e ela me deixou triste e doído. Senti-me traído.
Agora, Adriano foi apresentado hoje no Corinthians. Deixem o cara. É, oficialmente, jogador do clube. Somos Diego Maurício, Deivid, Wanderley, Peu, Fio, Obina, Dimba. Somos Flamengo. Somos quem veste vermelho e preto.